Os dois primeiros casos de contaminação interna da variante Delta foram confirmados em Santa Catarina. Os pacientes são moradores dos municípios de Joinville, Norte do Estado, e Balneário Piçarras, Litoral Norte, ambos sem histórico de deslocamento para fora de Santa Catarina.
A confirmação dos casos foi da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina (SES/SC), por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde (SUV).
A contaminação autóctone é aquela confirmada em uma pessoa que não teve registro recente de deslocamento para localidades onde tem a doença.
Foi feito mapeamento genético nas duas cidades para detectar a contaminação interna. Em Joinville, o caso é de um homem de 55 anos, morador da Zona Sul da cidade, que teve caso confirmado de Covid-19, apresentou piora clínica generalizada e morreu no dia 9 de julho.
O caso de Balneário Piçarras é de um homem, de 69 anos, que teve um quadro gripal leve, sem necessidade de hospitalização.
Investigação epidemiológica
Em Joinville, a partir desta confirmação, os profissionais da Vigilância em Saúde deram início a uma investigação epidemiológica, com o objetivo de mapear as pessoas que tiveram contato com o homem contaminado e que apresentaram algum sintoma de Covid-19.
“É importante ressaltar que os cuidados com a imunização, o uso de máscara de proteção, o distanciamento e a higienização constante das mãos continuam sendo nossos principais mecanismos de defesa contra a Covid-19”, destaca Jean Rodrigues da Silva, secretário da Saúde de Joinville.
Amostras
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as amostras foram selecionadas por meio da estratégia de vigilância genômica do SARS-CoV-2, que tem como objetivo monitorar as mutações e variantes que circulam em nosso estado, bem como compreender os padrões de dispersão e evolução do vírus durante a pandemia em curso e o possível impacto na epidemiologia da Covid-19.
O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS), da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), acompanha o trabalho das equipes de vigilância epidemiológica de Joinville e Balneário Piçarras na investigação e monitoramento de contatos.
O superintendente de vigilância em saúde, Eduardo Macário, ressalta que acompanha com grande preocupação a identificação dos primeiros casos de transmissão autóctone da variante Delta no Estado.
“Considerando a sua característica de ter uma capacidade de transmissão muito maior do que as variantes já identificadas, há um risco real de que, em breve, ela se torne dominante, podendo provocar uma interrupção na tendência de redução nos casos de Covid-19 em nosso Estado”, explica.
Macário ressalta, ainda, que as vacinas em uso no Brasil se mostram altamente eficazes na prevenção de casos graves, hospitalizações e mortes, mesmo em relação a variante Delta, mas que ainda não há uma cobertura vacinal elevada o suficiente que nos dê tranquilidade.
“Nos países com altas coberturas vacinais em que a Delta se tornou dominante, apesar do aumento no número de casos, as internações e mortes têm afetado quase exclusivamente quem ainda não se vacinou.
Portanto, até que tenhamos toda a população vacinada, ainda há um longo caminho a ser percorrido, sendo fundamental a manutenção das medidas de prevenção”, alerta o superintendente de Vigilância em Saúde.
Medidas de prevenção devem continuar
A Secretaria de Estado da Saúde recomenda que a população continue seguindo as medidas de prevenção para evitar a disseminação do vírus, como o uso de máscaras, com destaque para as do tipo PFF2 ou N95, respeito ao distanciamento social, ambientes ventilados e prática da higiene respiratória, lavando as mãos frequentemente com água e sabão ou utilizando o álcool gel.
Cenário até agora: 9 casos
São nove casos da variante Delta até o momento em Santa Catarina, sendo dois casos autóctones (de transmissão dentro de Santa Catarina) e sete casos importados.
Dos sete casos importados, seis foram de tripulantes de um navio de carga que ficou fundeado (ancorado) próximo ao porto de São Francisco do Sul, no litoral Norte de Santa Catarina. O período de isolamento já se encerrou e o navio foi liberado para seguir com suas atividades, com uma nova tripulação. Já o sétimo caso importado é de um morador de Itajaí que esteve em viagem à Indonésia.
A análise genômica foi realizada pelo Laboratório de Referência Nacional para Santa Catarina – a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, que recebeu as amostras encaminhadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/SC), conforme fluxo da vigilância genômica nacional.
Sobre a variante Delta
A variante Delta é da linhagem viral B.1.617, que apareceu na Índia em outubro de 2020. Em maio de 2021, após ser associada ao agravamento da pandemia, a cepa foi declarada como variante de preocupação pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Conforme um estudo divulgado em julho por pesquisadores ligados a OMS e ao Imperial College de Londres, a variante Delta é cerca de 97% mais transmissível do que o coronavírus original identificado na China, sendo ainda mais preocupante do que as variantes surgidas no Reino Unido (Alfa), na África do Sul (Beta) e no Brasil (Gama).
Até o dia 3 de agosto, já haviam sido confirmados 286 casos da VOC Delta em território brasileiro, sendo que os estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro apresentam transmissão comunitária, além, agora, de Santa Catarina.
Alerta do Ministério da Saúde
Depois que começaram a aparecer casos da variante Delta no País, o Ministério da Saúde emitiu um alerta orientando Estados e municípios a ampliarem o sequenciamento genômico (procedimento que permite encontrar as variantes do novo coronavírus entre os infectados).
Além disso, também é recomendado que sejam feitas imediatamente as notificação dos casos, o isolamento dos infectados e a adoção de medidas de prevenção em áreas onde foram encontrados pacientes com a variante.
Transmissibilidade
A preocupação mundial com a variante Delta do coronavírus parece ter cada vez mais fundamento. Um relatório do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) divulgado pela imprensa norte-americana apontou que a cepa indiana pode causar doenças mais graves.
Além disso, é tão contagiosa quanto a catapora, além de ser transmitida mais rapidamente do que o resfriado comum, a gripe sazonal, o sarampo e a ebola.
Fonte: ND+
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