Casal Heloisa e André Klabunde é adepto da permacultura
No Cedrinho, o casal Heloisa Machado de Souza Klabunde, engenharia elétrica, e André Kohler Klabunde, que é engenheiro ambiental, construiu uma casa que é a realização de um sonho que tinham desde jovens. A residência, feita inteiramente com materiais de demolição, está equipada com uma cisterna com capacidade de mais de mil litros para captar água da chuva e também tem outras soluções sustentáveis baseadas no conceito de permacultura.
Desde o sonho até a realização, a família inclusive aumentou, com o nascimento de Liam. A casa, que também funciona como um escritório da empresa deles, a Holista, especializada em soluções sustentáveis, é cercada de verde para todos os lados e ainda tem um lago que é a morada de vários peixes.
A cisterna, que tem a capacidade exata de 1.050 litros de água, é utilizada para diversos fins, desde a limpeza de áreas comuns da casa até jardinagem. Além disso, eles têm um poço em casa, o que os dá independência no abastecimento de água da residência.
“No nosso dia a dia, o principal benefício é a economia de energia, já que não preciso ligar o poço artesiano para isso, já que não temos ligação do Samae. Outro benefício para nós é que isso auxilia a evitar o alagamento do pátio. Ao invés de cair da calha no terreno, nós resgatamos a água para a cisterna e isso evita o alagamento”, explica André.
Conceitos de bioconstrução e permacultura
André teve mais contato com os conceitos de bioconstrução e de permacultura em um curso que realizou na Praia do Farol, em Laguna. Assim, ele conheceu esse estilo de vida de cultura permanente de um terreno, com o objetivo de ser sustentável em energia, água e comida.
“Durante a faculdade de Engenharia Ambiental, eu conheci uma área da construção sustentável que utiliza materiais resgatados para construir casas, a bioconstrução. E aí unimos o útil ao agradável. Tínhamos pouco dinheiro para construir a casa, mas a vontade de usar materiais de demolição. E aí tivemos a sorte a oportunidade”.
O material que foi utilizado para a construção da casa deles foi comprado em 2013. Eles viram uma casa sendo demolida no Centro de Brusque, conseguiram contato com o proprietário e conseguiram comprar todos os materiais.
“Eles não tinham certeza do que iam fazer e então acabamos comprando essa casa. Estava ainda no início, só tinham tirado o telhado. Compramos ela como estava na hora para utilizar tudo que pudesse. Tivemos uma semana para demolir a casa e pegar madeira, tijolo, janela… Ficou guardado por cerca de cinco anos até conseguirmos construir a casa”, conta Heloisa.
Após alguns anos, eles conseguiram um terreno da família onde construir a casa. Eles passaram alguns meses analisando o lote e estudando como aproveitar melhor os recursos naturais.
“Antes de construir, fizemos a lagoa. Ficamos seis meses vendo como o terreno se comportava, onde o sol nascia. Posicionamos a casa norte-sul para aproveitar também o vento, as janelas para ter mais luz natural. Demorou bastante, mas conseguimos construir entre 2017 e 2018”, lembra André.
As soluções sustentáveis não foram instaladas todas desde o início. Primeiro, eles utilizaram apenas técnicas para ter iluminação natural e ventilação cruzada. Depois, foi implantada a bacia da evapotranspiração (tratamento complementar de esgoto). Tempo depois, a cisterna de reaproveitamento de água, a composteira e a energia solar.
Bom para o bolso e para o meio ambiente
A empresa de Heloisa e André, que alia as formações do casal para fornecer soluções de energia, água e esgoto, surgiu após a construção da casa, quando os dois decidiram juntar forças para um negócio em comum.
Lidando com isso diariamente, em casa e no trabalho, eles percebem os benefícios e percebem que, ainda que lenta, há uma mudança gradual de pensamento de sociedade em relação à sustentabilidade.
“Antigamente, acho que as pessoas não tinham muito claro o que é sustentabilidade, o que já mudou atualmente. As pessoas sabem que não devem jogar lixo no chão, que precisam reduzir plástico, usar energia solar, reutilizar água. Com certeza, essas práticas estão tendo mais adesão. Para pessoas que querem se desconectar da vida urbana, trazer o campo para dentro de casa, vemos que buscam ter uma composteira, um sistema de captação, uma horta. Vai se criando um hábito. Tenho certeza que a procura está maior”, analisa André.
Ainda há, porém, muito espaço para evolução. Eles acreditam que o desconhecimento em relação ao investimento ainda afasta algumas pessoas, mas que os valores acabam se pagando com o tempo.
“Existe essa preocupação em relação à questão financeira, de quando o investimento vai se pagar. Mas é possível economizar até 50% na conta de água dependendo do consumo. Nossa região ainda é privilegiada nesse sentido, com muitos rios. Mas essa água da chuva vai passar de qualquer forma. Se não for captada, será desperdiçada. Se mais residências tivessem cisternas, poderia inclusive impactar em diminuição de alagamentos além de redução de custos”, destaca Heloisa.
Fonte: O Município
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