Para vereador do bairro, situação na enseada “prejudica o turismo de qualidade”. Reunião nesta 4ª vai tratar do tema
PORTO BELO – Está marcada para a tarde desta quarta-feira (15) uma reunião na sede do 2° Batalhão da Polícia Militar do Estado, em Balneário Camboriú, para tratar de um tema recorrente e literalmente importuno: as ruidosas festas a bordo de iates na enseada do Caixa D’Aço durante os finais de semana. Devem participar do encontro o prefeito Emerson Stein, o presidente da Câmara Municipal, vereador Joel Lucinda (ambos do MDB), o comandante local da PM, tenente Robson Joubert dos Santos, e o vereador do bairro Araçá, Willian Ismael dos Santos (Progressistas), além de uma representação da Capitania dos Portos. O objetivo é justamente encontrar uma solução ao que se convencionou chamar “a baderna no Caixa D’Aço”.
A partir de 2012, quando serviu de cenário para um videoclipe divulgado no Exterior e entrou no radar de alguns famosos, o turismo náutico do Caixa D’Aço — que em 1777 escondeu os navios portugueses das vistas (e dos canhões) da esquadra espanhola — bombou. Desde então, tornou-se ponto de concentração de iates e lanchas, próprios e alugados, e palco de baladas que duram o dia inteiro (às vezes, seguem noite adentro).
Se há quem esfregue as mãos com as possibilidade de lucrar com o movimento, para os moradores da enseada foi o fim do sossego. Além do funk que corre solto em alto e bom som, a mistura de álcool, música e corpos à mostra tem motivado excessos de exibicionismo que escandalizam a comunidade e viralizam nas redes sociais. A municipalidade tem se empenhado em coibir abusos, através das ações de fiscalização de sua Fundação do Meio Ambiente (Famap) e apoio da Guarda Municipal. Porém, a situação descamba ao menor descuido.
A jornada do último final de semana, por exemplo, tirou o “Zé do Araçá” do sério — mais uma vez. Willian usou a tribuna da sessão da Câmara desta segunda-feira (13) para, como disse, manifestar indignação pela reincidência de episódios que atentam ao pudor. “É uma falta de respeito”, reclamou o vereador, que usou uma analogia no mínimo original para descrever a performance de algumas frequentadoras das embarcações: “Parecem ‘bucicas no cio’”. Willian também pediu que a PM intensifique a presença nos finais de semana para evitar atos de irresponsabilidade ao volante nas ruas do bairro.
Para Joel Lucinda, é preciso pôr um freio na baderna: “Do jeito que está não dá para ficar”. Na avaliação do presidente do Legislativo, deveria haver entre o pessoal que explora a atividade maior preocupação em evitar excessos, coisa que não ocorre. Por isso, afirma, é necessário que o poder público se imponha: “Eu sou uma pessoa criada no mar, eu conheço a situação do Caixa D’Aço. Aquilo tinha que ser um turismo de qualidade, de família”, afirma.
“Eu acho que o poder público tem que ocupar o espaço”, opinou Magno Muñoz. “Quando não ocupa o espaço de forma ordeira, com legislação, acaba acontecendo isso, uma verdadeira desordem”, completou o parlamentar, destacando que a situação tem prejudicado a imagem do Caixa D’Aço e afastado visitantes interessados em apreciar as belezas naturais da enseada.
REUNIÃO
De acordo com Joel Lucinda, a reunião desta quarta-feira é um desdobramento de um encontro realizado em agosto envolvendo as mesmas autoridades e tendo o mesmo problema como pauta. Na ocasião, segundo ele, discutiu-se a possibilidade de se estabelecer um convênio entre Polícia Militar e Marinha do Brasil, como forma de garantir uma fiscalização mais eficaz, proposição que deve ser aprofundada na conversa de amanhã, entre outras medidas.
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